ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS
Pós-Graduação em População, Território e Estatísticas Públicas
Qualificação de Tese de Doutorado
A Escola Nacional de Ciências Estatísticas convida para a Qualificação de Tese de Doutorado intitulada: “Land grabbing, Financeirização e Acumulação de Capital no Setor Agrário Brasileiro: modernização ou reversão neocolonial?”.
Aluna: Bruna de Castro Dias Bicalho
Data: 28 de agosto de 2018 – Terça-Feira
Horário: 14h00m
Local: Ence - Rua André Cavalcanti, 106 – Sala 306 – Bairro de Fátima
Resumo do Projeto de Tese: A primeira década do novo milênio foi marcada por uma convergência de crises, alimentar, ecológica, energética e financeira, que potencializaram a corrida por terras em todo o mundo, fenômeno que ficou conhecido na literatura por land grabbing. O Brasil é um grande player no mercado de terras, com atuação expressiva como land grabber em países como o Paraguai, Angola e Moçambique. Ademais, por conta do tamanho do seu território e o preço relativamente baixo das suas terras tem também atraído o capital financeiro internacional. Ressalta-se que, especialmente após a crise financeira de 2008, o capital portador de juros viu nas terras e na produção agrícola alternativas de investimento, seja pela rentabilidade do negócio – proporcionada pelo boom dos preços das commodities entre 2004 e 2011 – como também pelo baixo risco, no sentido do lastreamento físico, da materialidade da terra. Todavia, vale lembrar que a modernização da agricultura brasileira resultou num padrão produtivo de alta competitividade nesse setor, inclusive, no que concerne à geração de tecnologias. Além disso, representantes deste setor têm grande peso no Congresso Nacional – a bancada dos latifundiários e do agronegócio. Posto isto, quais seriam as motivações da oligarquia nacional nos processos de internacionalização das terras e da produção? Este trabalho busca expor os interesses e as articulações político-econômicas da classe dirigente nacional e do capital financeiro internacionalizado no que se refere ao controle de terras por estrangeiros e a financeirização da grande produção agrícola. A análise toma como referência as empresas do agronegócio de capital internacional que atuam no mercado de terras e na produção agrícola brasileira. Compreender quem são estas empresas e como elas se articulam, qual o papel dos ativos financeiros na composição dos lucros na agricultura e na agroindústria, bem como os conflitos decorrentes deste processo, nos dará pistas para avaliar se estamos experimentando um processo de modernização ou se o Brasil está, na verdade, a caminho de uma reversão neocolonial.
Banca examinadora:
Dr. Miguel Antonio Pinho Bruno (Ence/IBGE) - Orientador
Dr. Rogério dos Santos Seabra (IBGE/UE/PR) - Coorientador
Dr. Fabio Giusti Azevedo de Britto (Ence/IBGE)
Dra. Júlia Adão Bernardes (UFRJ)
Coordenação de Pós-Graduação
CÉSAR MARQUES