ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS
Pós-Graduação em População, Território e Estatísticas Públicas
Defesa de Dissertação
A Escola Nacional de Ciências Estatísticas convida para a defesa da Dissertação de Mestrado intitulada: “Transição do câncer feminino: evidências demográficas e epidemiológicas para a tomada de decisão estratégica nas políticas públicas de saúde no Brasil”.
Aluno: Raphael Mendonça Guimarães
Orientadora: Sonoe Sugahara Pinheiro
Coorientadora: Moema De Poli Teixeira
Data: 15 de dezembro de 2015 – terça-feira
Horário: 14h00m
Local: Ence - Rua André Cavalcanti, 106 – Sala 306 – Bairro de Fátima
Resumo da Dissertação: A transição do câncer pode ser considerada como uma extensão ou a conclusão da teoria de Omran da transição epidemiológica. Estudos recentes exploram o contexto do desenvolvimento para explicar a dinâmica de incidência e mortalidade por tipos de cânceres específicos. Emblematicamente, as disparidades sociais fazem parte do escopo de discussão da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM). A agenda da área técnica de saúde da mulher passou a incorporar nos últimos 30 anos aspectos relevantes da saúde da população feminina, tais como a prevenção, a detecção e o tratamento do câncer de colo uterino e de mama. Estas duas topografias de cânceres ginecológicos, de maior magnitude em todo o mundo, possuem ocorrência heterogênea entre os países. O padrão de ocorrência destes cânceres, seja para a incidência ou para a mortalidade, mostra que o câncer do colo do útero é mais expressivo que o câncer de mama para países de renda baixa e média-baixa, e o oposto para países de renda alta e média-alta. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é comparar a transição de câncer ginecológico no Brasil de acordo com seu desenvolvimento social entre 1979 e 2013. Há um avanço geral dos estados brasileiros com relação aos indicadores sociais. Ao longo do período estudado, o câncer do colo do útero apresentou maior mortalidade nos estratos populacionais com pior desenvolvimento social. Em contraposição, o câncer de mama é mais expressivo nos estratos em que os indicadores podem ser considerados mais satisfatórios. Esta relação pode ser observada em diferentes níveis de agregação. Quando observada a tendência temporal nas grandes regiões, observou-se que a tendência para câncer de mama é de aumento para todas as regiões exceto a Sudeste; para o câncer de colo, a tendência é de declínio, exceto para as regiões Nordeste e Norte. Ao realizar a análise espacial, tendo como unidade de observação os estados, percebeu-se uma relação de dependência espacial para os dois tipos de câncer, com formações de clusteres do tipo alto-alto no norte/nordeste e do tipo baixo-baixo no sul/sudeste para câncer de colo do útero, e o oposto para o câncer de mama, embora a magnitude da dependência espacial e de vizinhança tenha reduzido ao longo dos últimos 30 anos. Finalmente, quando observados os municípios com mais de 100 mil habitantes, foram criados dois agrupamentos: municípios com alto desenvolvimento e baixo desenvolvimento, a partir de quatro indicadores: IDH, razão de renda, grau de urbanização e índice de Gini. Tendo por referência as taxas de mortalidade no Brasil, o grupo de alto desenvolvimento possui baixa taxa de mortalidade por câncer de colo do útero alta taxa de mortalidade por câncer de mama, e relação inversa foi observada no grupo de baixo desenvolvimento. Os resultados permitem discutir, portanto, a necessidade de mudanças na estratégia de operacionalização das políticas de atenção oncológica e de saúde da mulher, no sentido de descentralizar a pactuação das metas locais e de diversificar as estratégias de intervenção coletiva. É necessário, pois, melhorar o alcance das ações de rastreamento e diagnóstico precoce e, principalmente, acesso a tratamento, diante das desigualdades sociais do país, alcançando assim o princípio de equidade da política de saúde no Brasil.
Banca examinadora:
Dra. Sonoe Sugahara Pinheiro (Ence/IBGE) - Orientadora
Dra. Moema De Poli Teixeira (Ence/IBGE) – Coorientadora
Dra. Julia Celia Mercedes Strauch (Ence/IBGE)
Dr. Kaizô Beltrão (FGV – Ence/IBGE)
Dra. Andreia Rodrigues Gonçalves Ayres (Hospital da Unirio)
Coordenação de Pós Graduação
SUZANA CAVENAGHI