Qualificação de Tese de Doutorado de Ísis Gonçalves Peixoto

A Escola Nacional de Ciências Estatísticas convida para a Qualificação de Tese de Doutorado intitulada:

 Ausência de Autonomia Reprodutiva como Expressão da Violência contra Mulheres - Um Estudo com Base na PNDS

Aluna: Ísis Gonçalves Peixoto

Data: 07 de Novembro de 2025,Sexta-feira.

Horário: 10h

Local: Sala 207

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Resumo: Esta tese investiga a limitação da autonomia reprodutiva enquanto um mecanismo estrutural de violência de gênero contra as mulheres no Brasil, utilizando como base empírica principal os microdados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS 2023). O estudo parte de uma conceituação multidimensional da autonomia reprodutiva, entendida não como uma mera escolha individual, mas como um direito político e relacional, profundamente condicionado por interseccionalidades de gênero, raça, classe e território. A pesquisa opera em três eixos metodológicos interligados para responder a seus objetivos. Primeiro, emprega métodos de inferência causal, notadamente o Double Machine Learning, para estimar o efeito médio da autonomia reprodutiva sobre a probabilidade de ocorrência de violência física, psicológica e sexual, controlando um amplo conjunto de covariadas socioeconômicas, demográficas e contextuais. Em segundo lugar, aplica técnicas de aprendizado de máquina explicável, através do algoritmo XGBoost e valores SHAP, para construir um modelo preditivo de risco, identificar os fatores mais determinantes e mapear subgrupos populacionais em situação de maior vulnerabilidade. Por fim, adota uma lente interseccional, utilizando redes neurais e análise de clusters, para capturar as interações não lineares e os padrões complexos gerados pela sobreposição de marcadores sociais como raça/cor, escolaridade e renda. Os resultados indicam que a restrição à autodeterminação reprodutiva – manifestada em aspectos como a falta de poder de decisão sobre contracepção, a coerção sexual e o acesso limitado a serviços de saúde – atua como um fator causal e preditivo significativo para a exposição à violência por parceiro íntimo. Esse efeito é intensificado de forma interseccional, recaindo com maior gravidade sobre mulheres negras, pobres e com baixa escolaridade. A tese conclui que a ausência de autonomia reprodutiva configura, por si só, uma expressão da violência patriarcal e um eixo central de manutenção das desigualdades. As evidências produzidas apontam para a necessidade urgente de políticas públicas integradas que articulem a promoção da justiça reprodutiva, o enfrentamento da violência de gênero e a garantia de equidade, alinhando-se assim às metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5).

Palavras-chave: Autonomia Reprodutiva, Violência contra a Mulher, PNDS 2023.

Banca examinadora:

Dra. Ana Carolina Soares Bertho (ENCE/IBGE) - Orientadora

Dra. Angelita Alves  de Carvalho (ENCE/IBGE) 

Dra. Maira Couvre Sussai Soares (UERJ)

Coordenação de Pós-Graduação

Ana Carolina Soares Bertho