ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS
Pós-Graduação em População, Território e Estatísticas Públicas
Defesa de Dissertação
A Escola Nacional de Ciências Estatísticas convida para a defesa da Dissertação de Mestrado intitulada: “Mapeamento da fecundidade não-desejada no Brasil: mensuração, padrões, diferenciais e fatores associados”.
Aluna: Marcella Semente de Araújo Marinho
Data: 29 de agosto de 2019 – Quinta-Feira
Horário: 14h00m
Local: Ence - Rua André Cavalcanti, 106 – Sala 305 – Bairro de Fátima
Resumo da Dissertação: A fecundidade não-intencional, resultado de gravidez não-intencional que deriva em nascido vivo, reflete falhas no controle da vida reprodutiva dos indivíduos, particularmente das mulheres, sendo indicador de demanda não atendida por contracepção e de dificuldades na efetivação dos direitos reprodutivos. O desejo de limitar o número de filhos, que guiou o processo de transição da fecundidade, foi viabilizado pelo principal determinante imediato do declínio da fecundidade, o uso de contraceptivos modernos. Contudo, a alta prevalência de uso contraceptivo não implica na redução da fecundidade não-intencional a níveis mínimos. No Brasil, tal prevalência é alta, mas a proporção de nascimentos não-intencionais também. O descompasso entre o número de filhos desejado, o momento considerado oportuno de tê-los e a implementação concreta dessa escolha traz dificuldades metodológicas para mensuração da não-intencionalidade. Os construtos de preferências e intenções reprodutivas sofrem influência de mudanças psicológicas, socioeconômicas e contextuais, o que torna sua mensuração um desafio. Isto posto, a dissertação tem como objetivo expandir e aprofundar a compreensão sobre a fecundidade não-desejada das mulheres no Brasil nas últimas décadas por meio de duas abordagens. Primeiro, a partir do cálculo de estimativas da proporção de nascimentos não-desejados segundo variáveis demográficas e socioeconômicas por três métodos (direto-retrospectivo, ideal vs. observado e prospectivo-agregado). Segundo, utilizando análise estatística em duas pesquisas diferentes, para comparar alguns fatores associados à ocorrência de nascimento não-intencional e não-desejado. A pesquisa utilizou microdados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (1996 e 2006) e do Inquérito Nascer no Brasil 2011/2012. Como esperado, as estimativas geradas pelo método prospectivo-agregado foram, na maioria das vezes, superiores e apresentaram maior diferencial entre os grupos das categorias de análise, característica muito importante em um cenário de convergência para baixos níveis de fecundidade em contexto de profunda desigualdade social como o Brasil. Adicionalmente, corroborando a literatura, encontrou-se evidências de que a probabilidade de ter um nascimento não-desejado é maior para as mulheres com maior parturição, não-unidas, com menor escolaridade e mais de 30 anos; enquanto a probabilidade de ter um nascimento não-intencional aumenta com a parturição e reduz com a idade, sendo maior para mulheres não-unidas e negras.
Banca examinadora:
Dra. Suzana Marta Cavenaghi (IBGE/Aposentada) – Orientadora
Dra. Ana Carolina Soares Bertho (Ence/IBGE)
Dra. Mariza Miranda Theme-Filha (ENSP/Fiocruz)
Coordenação de Pós-Graduação
CÉSAR MARQUES